Projeto 100 Preconceito pelas palavras de Elia
A APF, Associação para o Planeamento da Família, está a dinamizar o Projeto "100 Preconceito" no bairro da Biquinha. Esta iniciativa consiste em tentar mudar a visão que a sociedade tem da comunidade cigana. O projeto, sob a responsabilidade de Nuno Teixeira, "surge como uma necessidade de mudar o paradigma através de bons exemplos, já que o que existe na sociedade são habitualmente notícias sobre ciganos que cometem crimes, ciganos que não estudam e há uma serie de estereótipos e representações sociais negativas", afirma o responsável.
O objetivo é, então, "utilizar os modelos positivos que existem, as pessoas que contrariam esses estereótipos, e apresenta-los".
Elia, cigana, é um desses exemplos. Estudante de direito na Universidade Lusófona, admite ser preciso quebrar os estereotipos.
"É uma comunidade que é ainda muito unida e que acha que o mundo está contra eles. Há um lado que está mas há outro que não. E eles próprios ajudam a criar essas barreiras. É preciso que alguém esteja no meio da ponte e que veja os dois lados e que consiga encontrar um equilíbrio", afirma. A estudante admite ainda haver preconceito dentro da própria comunidade por ter continuado os estudos.
"Dentro da comunidade há o preconceito de eu estar a estudar, de estar fora. Mesmo dentro da minha família existe um bocado esse preconceito. Mas como eu fui educada com uma educação diferente, em que tinha que dar valor aos estudos, não posso dizer que sofri com isso".
O projeto 100 Preconceito termina no final deste ano, mas já afirma ter atingido os objetivos que pretendia.